segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Coração do Rei

PLACAR revela quando, onde e como a imagem do coração de Pelé foi produzida
Foto: Luiz Paulo Machado

Pra quem me conhece e sabe que aqui só falo de Flamengo, vai estranhar esse post sobre o… Pelé.
Não que ele como jogador de futebol  não mereça um destaque, mas é que aqui é um espaço Rubro-Negro! Exclusivo, com muito orgulho!
Mas o fato é que essa matéria abaixo envolve diretamente o Mengão. Conta-se a verdadeira história da famosa foto de Pelé jogando pela
seleção brasileira onde seu suor forma um coração perfeito em seu peito.
E pois é… foi desvendado o mistério. O adversário do Brasil naquele jogo foi o Mengão mesmo, e ainda por cima faturou o "escrete nacional" por 2 a 0… num jogo em homenagem ao grande Geraldo.
Vale a informação e o registro. Ah, e vale também a foto do Rei vestindo o Manto Sagrado ao lado do Galinho, mas isso já é assunto pra outro post.

O coração do Rei: o mistério sobre a foto mais famosa de Pelé

Durante 36 anos, a foto mais espetacular de Pelé circulou com “data de fabricação” errada. Agora, PLACAR revela quando, onde e como essa imagem foi produzida

Por André Carvalho, da PLACAR 21/01/2014, às 08h30




A coisa é chique. Impresso na região de Verona, berço 
das melhores gráficas do mundo, o livro de luxo traz o 
requinte dos gols de Pelé. O papel utilizado, o 
GardaPat Kiara, produzido sob encomenda por uma 
indústria sediada às margens do Lago de Garda, também 
na Itália, é especial como as atuações do Rei em Copas 
do Mundo. O acabamento, realizado artesanalmente por 
um estúdio em Turim — com capa e estojo revestidos de 
seda italiana e lombada de couro natural —, é delicado 
como o sorriso do menino Edson.
Voltado para colecionadores abastados, numerado e de 
tiragem limitada, 1283 (número de gols da carreira do Rei) 
pretende ser a compilação fotográfica definitiva de Pelé. 
Lançado com pompa no último dia 16 de outubro, no 
Museu da Imagem e do Som, em São Paulo, pela editora 
Toriba, o livro custa 3 600 reais em seu formato mais 
“simples” e 5 500 reais na edição “king”.
O que diferencia uma edição da outra (a cara da muito 
cara) é a presença da lendária foto “O Coração do Rei”, 
de Luiz Paulo Machado, ex-fotógrafo da PLACAR, 
encartada de forma avulsa, numerada, impressa com 
pigmentos minerais em papel Canson Infinity 100%
algodão e assinada tanto por Pelé como pelo fotógrafo.
Trata-se de uma das imagens mais clássicas de Pelé e 
uma de suas fotos mais conhecidas no mundo. 
Para Pelé, “é um registro que só Deus pode explicar”. 
Para Machado, é sua obra-prima.“É uma foto reconhecida
mundialmente. Sem dúvida, é minha foto mais importante.”
Embora inacessível para a imensa maioria dos amantes 
do futebol, a iniciativa merece aplausos. Só que tem um 
probleminha: traz informações erradas sobre sua peça 
mais importante. O livro diz que “O Coração do Rei”, cujo 
encarte em formato especial faz com que o livro custe 
quase 2 000 reais a mais, foi tirada no dia 18 de julho de 
1971, durante o empate em 2 x 2 entre Brasil e Iugoslávia, 
no Maracanã, na despedida do Rei com a camisa da 
seleção brasileira. Um erro de vários anos.

FOTO CERTA, DIA ERRADO
Ao pesquisar a história da foto, os editores do livro 
acabaram deparando com uma série de dúvidas. 
Oficialmente, a foto não tinha uma data certa, já que o 
slide original, arquivado no Dedoc (onde estão os 
arquivos da Editora Abril, que publica a PLACAR), estava 
em branco, sem qualquer informação que pudesse 
esclarecer a questão. Ok, culpa nossa
A data da primeira publicação da imagem em revistas da 
editora também era incerta. Extraoficialmente, porém, 
circulava a informação de que a foto teria sido feita em 30 
setembro de 1970, durante o amistoso Brasil 2 x 1 México, 
conhecido como “Jogo da Amizade”.
Os editores do livro não perguntaram à redação da 
PLACAR sobre a data da foto. Foram direto ao autor, que 
disse ter certeza absoluta de que a partida em questão 
era Brasil 2 x 2 Iugoslávia. E assim ficou.
Mas, descobrimos agora, as duas hipóteses estão erradas. 
No jogo Brasil x México, o uniforme da seleção ainda não 
possuía as três estrelas — seriam usadas pela primeira 
vez no amistoso contra a Áustria, no Morumbi, em 1971. 
Quanto ao jogo Brasil x Iugoslávia, seria impossível que a 
foto tivesse sido captada nesse jogo, pois a partida foi 
realizada durante o dia e Pelé atuou apenas no primeiro 
tempo. E “O Coração do Rei” é uma foto noturna. Mais: o 
nome de Luiz Paulo Machado nem ao menos consta no 
expediente da edição 71 da PLACAR, que noticia a 
despedida do Rei. O telefonema do então chefe de 
reportagem da PLACAR Juca Kfouri, eufórico com o slide
em mãos, ao fotógrafo, pouco depois da revelação da foto, 
também não poderia ter ocorrido em 1971, já que Kfouri 
passou a atuar na revista somente em 1974.
CONTRA O MENGÃO Pelé é marcado por Merica

















CONTRA O MENGÃO Pelé é marcado por Merica / Crédito:
Luiz Paulo Machado
A verdade é que a foto “O Coração do Rei” foi feita no 
dia 6 de outubro de 1976, no amistoso beneficente 
Brasil 0 x 2 Flamengo, em memória ao craque 
flamenguista Geraldo “Assoviador”, falecido 
tragicamente após uma malsucedida operação de 
retirada de amídalas. Um jogo que entraria para a 
história do futebol brasileiro, apesar de poucos se 
lembrarem dele (veja abaixo).

CONTRA O MENGÃO a seta indica a presença de outro rubro-negro na foto lendária, aqui mostrada sem nenhum corte









CONTRA O MENGÃO a seta indica a presença de outro rubro-negro 
na foto lendária, aqui mostrada sem nenhum corte / Crédito:
Luiz Paulo Machado
MEMÓRIAS DA REDAÇÃO
A foto original, sem cortes, é a prova incontestável de que 
Pelé ganhou o registro de Machado naquele jogo, já que 
mostra um jogador do Flamengo no canto esquerdo da 
imagem. Luiz Paulo Machado só veria a fotografia 
publicada na revista, cortada, sem o atleta flamenguista 
em quadro, tempos depois.
Juca Kfouri recorda como se deu a chegada do slide à 
redação da PLACAR. “Chegou esse material em uma 
sexta-feira para mim. De repente, me vi diante dessa foto, 
que é uma foto de prêmio, uma coisa de outro mundo, 
sobrenatural.” Nos anos que se passaram, muitos tiveram
mesma reação ao deparar com o registro, embora a 
fotografia jamais tenha recebido qualquer premiação. 
Juca conta que, no cargo que ocupava na revista 
naqueles idos de 1976, não tinha poder para decidir a 
publicação imediata ou não da foto. “Eu teria inventado 
uma capa”, diverte-se, antes de ressaltar que era típico 
dos hábitos jornalísticos de Jairo Régis, então diretor de 
redação da PLACAR, o cuidado de guardar fotografias 
especiais para matérias especiais. “Era típico dele, uma 
coisa absolutamente adequada ao perfil do Jairo”, 
diz Juca.

Capa da PLACAR extraDe fato, a primeira 
oportunidade especial
que surgiu para que a 
célebre foto fosse 
publicada se deu na 
ocasião da despedida 
definitiva de Pelé do 
futebol, quando este 
atuava pelo Cosmos, 
em outubro de 1977. 
Era a edição número 
389 da revista, que trazia um encarte especial, em 
cores. O “Documento histórico: 22 anos de Pelé” 
estampava na capa o registro feito por Luiz Paulo 
Machado. “Quem editou o encarte fui eu. 
Eu me lembro perfeitamente”, conta Juca.
UM JOGO PARA GERALDO


Geraldo















Geraldo / Crédito: Fernando Pimentel
No dia 26 de agosto de 1976, uma tragédia se 
abateu sobre o futebol brasileiro, especialmente 
para os torcedores flamenguistas. Morria, naquele dia, 
aos 22 anos, em decorrência de um choque anafilático 
quando realizava uma operação para retirada das 
amídalas, uma das grandes promessas do clube 
carioca, o meia Geraldo, que já despontava inclusive 
na seleção brasileira.
Traumatizados, jogadores do Flamengo organizaram uma 
partida beneficente, no Maracanã, contra a seleção 
brasileira, com a renda — 2,3 milhões de cruzeiros (cerca
de 2,7 milhões de reais, em valores corrigidos pelo índice 
IGP-DI) — destinada à família do “Assoviador”, como era 
conhecido o atleta graças à mania de assoviar em campo 
quando realizava suas jogadas mais ousadas.
No dia 6 de outubro, com a presença de 142 404 
torcedores, Pelé, que atuava no Cosmos, voltaria a vestir 
a amarelinha depois de cinco anos, fazendo ali, de fato, 
sua última partida pela seleção como profissional. 
Saiu de campo derrotado — 2 x 0 para o Flamengo, gols 
de Paulinho e Luís Paulo — e ofuscado pelo jovem Zico, 
que já se preparava para assumir a 10 do escrete nacional.

DVDs 1

Capítulo extra é falar dos DVDs. Claro que eu sou da época do VHS, mas não dá pra catalogar VHS aqui. Pelo menos não os caseiros.
Na verdade sou de antes do VHS. Ouvia os jogos, entre mil ruídos de interferência, no meu radinho de pilha azul, com um adesivo do Flamengo colado.
Mas, já na era dos DVDs, ganhei esse aqui de um amigo, Fernando Salem. É um DVD meio do "coração" porque embora seja caseiro, tem momentos maravilhosos e inesquecíveis do Mengão.